Governo suspende reajuste previsto para o Bolsa Família

Com a frustração de receitas e a dificuldade de cumprir a meta fiscal deste ano, o governo suspendeu o reajuste do Bolsa Família acima da inflação previsto para entrar em vigor em julho. O Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo pagamento do benefício, informou que o governo cancelou o reajuste e que não há prazo para que a discussão volte ao radar.
A área comandada pelo ministro Henrique Meirelles analisou que o reajuste seria incoerente agora

Originalmente, a ideia era dar aumento de 4,6% no benefício, acima da inflação oficial acumulada em 3,6% nos últimos 12 meses. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, além da escassez de recursos, uma ala do governo considerou que a crise política "esconderia" o anúncio do aumento.

A média do Bolsa Família é de R$ 182 por família. No ano passado, o programa teve reajuste de 12,5%, depois de dois anos sem aumento. A ideia era que o aumento fosse usado como agenda positiva numa tentativa de elevar a popularidade do presidente.

Em maio, o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, disse ao Estadão/Broadcast que o reajuste sairia em julho, dentro de um grande pacote de bondades do governo Temer. "Vai ter reajuste em julho acima da inflação. É uma decisão", disse. Na época, o ministro informou que o programa contava com orçamento de R$ 30 bilhões - que passou ileso ao corte do orçamento para o cumprimento da meta fiscal - e que a cifra já previa o dinheiro para bancar o reajuste.

Fiscal
A área econômica, comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no entanto, dissuadiu o presidente de reajustar o benefício, porque seria incoerente neste momento em que se discutem medidas para conter os gastos e aumentar as receitas, até com a possibilidade cada vez maior de aumento de impostos para cumprir a meta de déficit de R$ 139 bilhões. O reajuste do Bolsa Família comprometeria também a meta fiscal do ano que vem, projetada em R$ 129 bilhões.

A equipe de Meirelles disse que seria necessário um aviso ao mercado de que o governo continua fiscalmente responsável e não atende a apelos por pacotes de bondades.

"Não é bem falta de dinheiro, temos no Orçamento, mas por conta do momento fiscal, não tem como dar aumento agora", disse Osmar Terra, por meio da assessoria. Ele ficou sabendo pelo presidente, na noite de quinta-feira, que o anúncio tinha sido adiado.

Como forma de contrapor o cancelamento do reajuste, o governo deve anunciar que o programa passará a atender mais 150 mil famílias a partir de julho. O Ministério de Desenvolvimento Social tinha conseguido zerar a fila nos três primeiros meses deste ano, mas em maio o número de interessados em receber o Bolsa Família voltou a subir e alcançou 422 mil famílias.

Fonte: Tribuna do Norte

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